sábado, 31 de outubro de 2015

HABARI GANI !WALTER RODNEY - HISTORIADOR MILITANTE

Nascido na Guyana em 1942, Walter Rodney foi um dos intelectuais mais influentes do século XX.
O seu trabalho como historiador e militante pan-africanista foi radicalmente combatido por acadêmicos racistas, elites africanas, governos corruptos das américas e políticos imperialistas europeus.

O assassinato brutal de Walter Rodney em 1980 não foi capaz de silenciar as suas mensagens sobre identidade africana, consciência política e resistência cultural através do conhecimento histórico africano .

A obra deste honorável ancestral, debatida em Cabo Verde, significa continuar o processo de Reafricanização de Espíritos e Mentalidades, desencadeado por Amílcar Cabral .

Durante este encontro haverá doação de livros e oficialização de parcerias com organizações interessadas em construir bibliotecas para estudos pan-africanos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O cabelo crespo


Há dias eu estava entre amigas e irmãs e veio-me, novamente, a problemática sobre o cabelo “crespo”. Dessa vez, se tratava de uma aluna do ensino secundário, quem recebeu um aviso da direção da escola “Amor de Deus”, onde estuda, de que tinha até segunda-feira para pentear o seu cabelo, ou seja, ir para a escola penteada, senão não poderia assistir às aulas. 
Sucede que essa aluna é apenas uma adolescente de pele negra e cabelo crespo. Segundo a mãe, uma criança que gosta muito do seu cabelo black power e passa horas se penteando ao espelho. Mas, a referida escola foi de opinião diferente, considerou que a menininha estava despenteada, por essa razão, violava o regulamento escolar e, portanto, não poderia assistir às aulas. 
Embora é de se considerar esse acto discriminatório, racista e um atentado à identidade africana, a referida escola quer apresentá-lo tão-somente como esforço de se fazer cumprir uma das regras previstas no seu regulamento interno, que como as outras, também, precisa ser respeitada. Entretanto, independentemente disso, o cerne da questão é por quê prever num regulamento interno ou uma regra escolar que a criança negra não pode ir para a escola com o cabelo crespo solto, em estilo black power. Por quê a criança africana não pode ir para a escola com o seu cabelo crespo solto?
Precisamos dar nomes às coisas...

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Da manifestação ao preconceito

Há um mês começou a circular-se nas mídias cabo-verdianas de que o ilhéu de Santa Maria ou “Djeu”, situado na Baía da Gamboa, Cidade da Praia, finalmente foi concedido ao empresário macauense David Chow por um período de 75 anos, prorrogável por 30 anos e recebe Cape Verde Integrated Resort & Casino, um empreendimento turístico considerado por muitos como “o maior investimento alguma vez realizado no país”. Preocupada com os impactos sociais negativos deste investimento econômico e pretendendo proteger e preservar o valor biológico, histórico e cultural do ilhéu de “Djeu”, há duas semanas, uma rede denominada “Korenti di ativistas” organizou a ocupação do referido  ilhéu (que resultou temporária) e assim manifestou-se publicamente contra o início das obras do resort e casino. Enquanto sujeitos de direitos e liberdades, alguns leitores do jornal online "A Semana" passaram a comentar o artigo sobre esta manifestação. Entretanto, certos leitores, com a permissão desse jornal online, voluntariamente, ultrapassaram o limite do bom-senso e do respeito mútuo, também identificaram os manifestantes como sendo “rastas” ou “rastafaray”, então, classificaram-lhes de “fundamentalistas, herbívoros, que odeiam trabalho, fumadores de padjinha (maconha), ladrões, malucos, desordeiros, preguiçosos, subversivos, sem norte, nem direção, chulos, inúteis, sem valor social, drogados, armados em ambientalistas” e consideraram que, para estes, o referido ilhéu significava apenas “um lugar de matar o stress dos charros que fazem para lembrar da filosofia Bob Marley”.

O que se leu e ouviu esses últimos dias em Cabo Verde acerca desses jovens manifestantes, que foram rotulados de rastas, bandidos e drogados tão-somente por causa do aspecto dos cabelos de alguns, tornam evidentes mentalidades preconceituosas que prejudicam os valores da liberdade e igualdade, preconizados logo após a proclamação da independência política na Constituição da República de Cabo Verde. Em qualquer Estado que se diz de Direito Democrático, a princípio, todas as pessoas beneficiam do direito à imagem e são livres para manifestarem ideias, opiniões, pensamentos conforme a convicção ou consciência, sem qualquer tipo de oposição, evidentemente dentro dos limites estabelecidos pelos costumes e na lei. E têm o direito de serem tratadas como seres humanos iguais e de forma tolerante independentemente da opinião política ou filosófica, aspecto, condição, gênero, raça, crença, etc. Sobretudo porque as imagens muitas vezes enganam, existindo pessoas com aspectos parecidos com alguns dos manifestantes denominados de rastas, mas nem por isso são bandidos e drogados, pelo contrário, são excelentes cidadãos e profissionais. Aaabraaammm as vossas mentes...por favor. O optar pela discriminação, a rotular os manifestantes de rastas, bandidos e drogados, entre outros nomes ofensivos meramente por causa do aspecto do seu cabelo, com total desprezo pela verdade, pois entre aqueles havia licenciados e profissionais, é um acto movido por ódio e puro Preconceitooo...